Horas decisivas - Michael J. Tougias e Casey Sherman
“Você tem que ir, mas não tem que voltar.” O lema não oficial da Guarda Costeira martelava na cabeça de Bernie Webber depois de ter sido convocado para resgatar os tripulantes de um petroleiro que se rompera ao meio, numa das mais aterrorizantes tempestades de inverno da costa norte-americana. As chances de sobrevivência dele e dos três outros jovens que o acompanhariam na missão eram mínimas. Nessa mesma noite, um segundo petroleiro também se partira ao meio a poucos quilômetros do primeiro, e outra equipe de resgate estava em busca dos sobreviventes da outra embarcação. Aquele 18 de fevereiro de 1952 ficaria para sempre na memória de todos os envolvidos. Horas decisivas é o resultado da extensa pesquisa de dois autores que uniram forças para escrever sobre um dos resgates marítimos mais extraordinários da história. Quase sessenta anos depois daquela noite fatídica, o relato ainda tira o fôlego dos leitores, além de ter inspirado uma superprodução da Disney estrelada por Chris Pine.
Horas decisivas é um livro que retrata a real
história dos dois mais icônicos resgates realizados pela Guarda Costeira dos
EUA, no ano de 1952, precisamente em 18 de fevereiro, durante uma tempestade
Nor’easter do solstício de inverno que, por conta da sua violência e poder,
ocasionou prejuízos e mortes tanto em terra quanto no mar. O resgate em questão
era dos tripulantes de dois petroleiros, o Pendleton e o Fort Mercer, que foram
pegos pela tempestade e tiveram seus cascos partidos ao meio, de forma que os
resgates foram divididos em duas proas e duas popas em meio a violência da
tempestade.
O que tornou tudo mais impactante foi que o
maior resgate foi realizado numa simples lancha GC36500, um barco da Guarda
Costeira de 36 pés, comandada pelo contramestre Bernie Webber e tripulada por
mais 3 homens com o mesmo senso de honra e bravura que saíram de Chatham,
passaram pelos bancos de areia traiçoeiros e seguiram em alto mar sem bússola
nem qualquer outro meio de localização de si mesmos ou do alvo de seu resgate.
O lema oficial da Guarda Costeira é Semper Paratus, sempre pronto, contudo o
lema que mais significou nesse dia para todos os oficiais envolvidos
diretamente no resgate foi o não oficial: Você
tem que ir, mas não tem que voltar.
A história é incrível! Eu não consegui parar
de ler até terminar o livro e em alguns momentos parecia que estava vendo os
acontecimentos, de tão bem contados que são. Tougias e Sherman souberam
escrever a história de uma forma envolvente e como fizeram um trabalho
maravilhoso de pesquisa, deixou tudo muito real.
No livro tanto o resgate das proas e popas de
ambos os navios têm sua importância e são igualmente retratados. O livro
divide-se em 3 partes, sendo a primeira a mais angustiante, pois mostra o
momento em que os navios se partem e como os resgates são iniciados, mostrando
o ponto de vista da tripulação dos petroleiros e dos barcos de salvamento.
E o epílogo mostrando o reencontro e o
apêndice com a situação atual dos envolvidos no resgate, seja como membro da
Guarda Costeira, seja como resgatado foi fantástica e tornou tudo ainda mais
real.
Maravilhoso e super recomendo!!!
“Fazia muito frio [...] havia neve, granizo e
ventos uivantes... Dois grandes petroleiros apareceram em cena – o ss Fort
Mercer e o ss Pendleton. A quarenta milhas de distância um do outro, ambos
encontraram toda a força e o horror da tempestade [...] Os sobreviventes
ficaram presos em cada parte [...] um total de 84 homens semicongelados cujas
chances de sobrevivência pareciam impossíveis.”
“Esses 21 homens enfrentaram quatro operações
de resgate diferentes. Cada operação apresentava problemas específicos. Mas
cada um encarou os mesmos perigos de cascos arremessados como rolhas nas altas
ondas. Estes homens cumpriram seu dever encharcados de água gelada, sem comer
por horas [...] e com a morte cavalgando cada onda.”
Um pequeno desabafo sobre o filme da Disney:
Assim que terminei de ler procurei o filme em questão e o aluguei. Assisti e me arrependi amargamente (para variar). Conseguiram transformar algo tão especial em um filme sem muita emoção e com um romance nada a ver.
A Mirian (esposa do Bernie Webber no livro e namorada dele no filme) quase não aparece no livro, ela está acamada em casa com uma forte gripe e o Webber volta e meia se pergunta como ela estará e se ele voltará para ela. No filme ela aparece e mais do que deveria ser necessário. Odiei a Mirian do filme, mas não conheço quase nada da Mirian do livro.
O filme foca quase que exclusivamente no resgate da popa do Pendleton e só sabemos que está acontecendo um outro resgate no Fort Mercer por alguns áudios que ouvimos no rádio a bordo da lancha GC36500.
E o único resgate que eles resolveram enfocar (tá bom admito que seria muito complicado e custoso mostrar todos os resgates), eles simplificaram tanto a coisa que não mostra nem um terço de todo o sofrimento e a angústia que o livro mostra. No filme o resgate pareceu tão simples... O filme é bonzinho se você não sabe que se trata de algo real e desconhece o que realmente ocorreu nos fatídicos dias 18 e 19 de fevereiro de 1952.