Resenha: A cor da Coragem - Julian Kulski
Em 1° de Setembro de 1939, a Alemanha invade a Polônia. É o início da Segunda Guerra Mundial. Em poucos dias, Varsóvia se rende aos alemães, soldados poloneses depõem suas armas, a cidade já é um amontoado de escombros. Julian Kulski é um menino polonês de apenas 10 anos de idade. Filho do vice-prefeito de Varsóvia, escoteiro ousado e entusiástico, ele tem a firme convicção de que deverá lutar contra o Invasor. A COR DA CORAGEM é o diário de Julian Kulski, a história de seu amadurecimento durante os cinco anos da brutal ocupação alemã. Diferentemente do diário de Anne Frank, narrado a partir da sua clausura no esconderijo de um prédio em Amsterdã, o de Julian Kulski se passa nas ruas de Varsóvia, no front, no combate cara a cara com o inimigo, no infame Gueto onde se encontram seres humanos famintos, desesperados e doentes à mercê de todo tipo de tortura, do enforcamento, do fuzilamento, da câmara de gás... No começo, a guerra particular de Julian se resume à prática de pequenos atos de sabotagem: arrancar cartazes de propaganda nazista, inverte ou mesmo some com placas de trânsito, dá informação errada sobre ruas e caminhos da cidade só para fazer os alemães perderem tempo e gastarem gasolina à toa. Aos 12 anos, desejando pegar uma arma e lutar contra o inimigo, Julian Kulski é recrutado para a Resistência, o Exército da Pátria, por seu mestre escotismo.
A Cor da Coragem traz em suas 416 páginas o retrato da invasão alemã na capital da Polônia,
Varsóvia, durante a Segunda Guerra Mundial pelos olhos de um menino que cresce
em meio à guerra.
O livro é dividido em 7 capítulos, onde o autor vai dos 10 aos
16 anos de idade, retratando a sua experiência desde o começo da guerra, passando desde sua guerra particular contra os alemães até ao recrutamento para o exército da resistência. Também narra a missão secreta no Gueto, o levante
no Gueto, o levante de Varsóvia,
até onde se torna prisioneiro de guerra
dos alemães.
A
leitura se torna mais realista pela quantidade de fotos, extras digitais e mapas que retratam a
situação da cidade.
As páginas do livro são brancas, o tamanho da letra é ideal e toda a história é
subdividida em dias. A capa traz uma foto do escritor, Julian Kulski e, ao fundo, há a imagem do dia da libertação num campo de prisioneiros de guerra na Alemanha.
Depois
do posfácio o autor narra o que aconteceu com a sua família, amigos, líderes poloneses e, também, com os ocupantes alemães. Em seguida há um horizonte histórico
que traz um resumo de alguns pontos altos
da violenta e complexa saga da Polônia na Segunda Guerra Mundial.
Além disso, a obra contém várias imagens que retratam a guerra. Por último, há também as questões para se debater acerca da guerra e o que ela desencadeou bem como a biografia do autor.
Além disso, a obra contém várias imagens que retratam a guerra. Por último, há também as questões para se debater acerca da guerra e o que ela desencadeou bem como a biografia do autor.
No
decorrer da narrativa é possível observar o amadurecimento precoce do escritor,
como a guerra roubou a sua infância e inocência. Depois de presenciar o Gueto,
as caçadas pelas ruas, as execuções públicas, as câmaras de gás e de anos de
humilhante ocupação, esperando o combate final, com apenas 14 anos Julian
Kulski, já era considerado um homem, um homem marcado.
Depois de presenciar um horror atrás do
outro, e o tempo todo, medo – medo da verdade e medo ainda maior do
desconhecido, de se sentir menos humano, de ter a sua
liberdade de movimento restrita, passar fome, Julian Kulski, também conhecido
como “Chojnacki”, entra para o exército da Resistência, com 12 anos.
A
riqueza de detalhes da guerra e de seu desdobramento é impressionante, algumas
partes são bem pesadas e te fazem refletir sobre como o ser humano pode ser
insensível e desumano com o próximo. Fica claro que os inocentes vão para Auschwitz e os culpados para o pelotão de
fuzilamento.
O
que mais me chocou, particularmente, foi ver a frieza com que o resto do
mundo tratou a população Polonesa que já estava, de um modo geral, debilitada
física e depressivamente. Como os Aliados tardaram em contra atacar a Alemanha,
fica claro o jogo de poder. E, também, fiquei chocada em perceber como os judeus sofreram com a guerra. Sem sombra de dúvida eles foram os mais humilhados e massacrados. Realmente a
propaganda nazista e Hitler cegaram a todos.
Qual
a cor da coragem?
Vermelho,
é claro.
Pois
em tempo de guerra
coragem
é arriscar o próprio sangue.
Nossa
bandeira é vermelha e branca.
E o
que me vem é:
vermelho
de coragem, branco de honra.
Afinal,
o que fica para o homem,
além
da sua honra... e da coragem de viver por ela?
Julian
Kulski