Resenha: Na Ponta do Leque – Jocelyne Godard
Em uma manhã de primavera dos anos 1000, Yasumi deixa sua província de Masushi levando como bagagem somente uma bolsa com um quimono, alguns hashi, um pequeno altar budista, um leque e um sabre. A estrada que leva à capital é longa e cheia de perigos. Mas Yasumi, a quem não falta audácia nem determinação, quer reencontrar um pai que não conheceu e reabilitar seu nome ante a grande família Fujiwara, tão ponderosa na corte. Com a ajuda e a companhia da soberba égua Longa Lua, Yasumi, jovem temerária, primitiva e um pouco bárbara, ao chegar em Kyoto, deve se curvar aos costumes de uma corte extremamente letrada e refinada, na qual o peso da maquiagem, as cores das roupas sobrepostas e o manejo do leque, na ponta do qual se coloca poemas, são os símbolos de uma cultura suprema. Enquanto os Fujiwaras dominam o reinado, Yasumi vive o grande amor de sua vida e conhece as mulheres mais eruditas da época. Envolta em uma engrenagem inesperada, sua vida avança a um destino insólito. Na ponta do leque permeia diferentes culturas, especialmente a japonesa, a qual é transpassada pela cultura francesa, nacionalidade da autora do livro, Jocelyne Godard.
Depois que li o livro Memórias de uma Gueixa
me encantei com a cultura retratada e não titubeei quando vi esse livro, que
admito ter me ganho já pela capa. Ao ler a sinopse me decidi mais ainda a lê-lo
e foi uma leitura bastante gratificante.
Aqui, diferentemente do livro Memórias de uma
Gueixa que retrata puramente a cultura japonesa, vai além e abrange também um
pouco da cultura francesa, o que enriquece bastante a história e consegue
deixa-la mais interessante ainda.
Na Ponta do Leque se passa nos anos 1000 e
traz a história da Suhokawa Yasumi, cuja mãe, por não aceitar dividir sua casa
e marido com outras mulheres, decidiu ir morar com um irmão em Musashi e criar
ali sua filha. E que após perder seu tio e, em seguida, sua mãe, precisa ir
atrás de seu pai que vive na corte de Kyoto e restaurar a honra de sua família
que foi perdida quando seu avô, um Fujiwara (o clã mais poderoso da corte), foi
expulso por desavenças políticas.
O livro traz, num primeiro momento, a jornada
da jovem para a corte e nos mostra como a mesma é inteligente e forte. Nenhum
obstáculo foi capaz de tirá-la de seu objetivo e em como mesmo enfrentando
perigos, desconfianças e traições no caminho e depois de chegar à corte, ela conseguiu
ser cada vez mais forte e genial para superá-los. O crescimento da Yasumi é
magnífico!
Não quero falar muito mais porque cada
acontecimento é marcante por si e não quero tirar o brilho de nenhum deles, só
vou falar que a história é linda! A forma como as culturas são retratadas,
principalmente a japonesa, é primorosa. Adorei conhecer sobre o waka que é a forma da poesia japonesa
(detalhe que sempre que um waka era
citado, o mesmo era escrito na página, em japonês).
Apesar de a história ser tão fabulosa, a
autora em certos momentos descreveu de forma tão excessiva que cansava e acabei
pulando alguns parágrafos e não creio ter perdido muito nisso...
Outra coisa que amei no livro foram os
personagens históricos que ela incorporou à história e a referência a autores
de poesia e romances, deu um toque todo especial.
Preciso falar sobre a edição da Primavera
Editorial. Que trabalho maravilhoso!!! A capa, a diagramação e o cuidado com
cada detalhe foi sensacional!
Recomendo muito mesmo esse livro para todos!!




